Tenho 40 anos, sou casada há vinte e tenho uma adolescente linda. Mas mesmo assim vivo, há três anos, uma história extraconjugal. Uma história de amor linda com um ex-amigo também casado e com filhos. Tudo começou como uma brincadeira, um beijo roubado em uma festa por ele. E nós nem tínhamos bebido. A situação foi tomando um rumo tal que perdemos o controle. Passamos a nos encontrar esporadicamente porque ele mora em outra cidade. Mas nossos encontros são maravilhosos, intensos e cheios de carinho. Nós nos falamos todos os dias, é uma relação incrível.
Sei que estamos errados. Não somos corretos com nossos cônjuges. No entanto, tentamos nos afastar durante três meses e não deu certo. Sinceramente, tenho medo de me separar dele e o casamento acabar (o meu e o dele), pois é essa história de amor às avessas que nos mantém.
Se seu marido não se dá conta de que você tem um amante, é porque o triângulo convém a ele. Do contrário, ele descobriria a verdade. O mesmo pode ser dito da esposa de seu amante. A situação atual é de equilíbrio para as pessoas envolvidas, e você tem razão de temer sua dissolução. Poderia resultar numa grande infelicidade.
Agora, a condição do equilíbrio é a clandestinidade, que precisa ser mantida. Enquanto viver a vida escondido não for um estorvo, não há por que mudar nada. Quanto à incorreção, pergunto: você acaso seria mais correta se ficasse em casa se lamentando e se deprimindo com a falta do que só o amante lhe dá? Não estaria se prejudicando, além de prejudicar indiretamente seu marido e sua filha adolescente?
Manter o pacto de fidelidade do casamento não é dado a todos e, como diz Octavio Paz, é raro. Porque o desejo muda de objeto. Não podemos nos culpar ou culpar os outros por isso. Daí o filme As You Like it, de Woody Allen, um cineasta particularmente bem-humorado. Para ele, só a felicidade importa. Sugere de diferentes maneiras, no filme, que façamos da nossa vida o necessário para sermos felizes. Recomendo que você assista a As You Like it e reflita a partir dele sobre você mesma.
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